13/10/2075
A caixa dos segredos está aberta. Vejo que vós, que não amastes, sente culpa tal como uma das rosas murchas ao redor da única que desabrochou. Sento por meros segundos em frente àquele mar lindo em que sentávamos juntos para apreciar, mas hoje o nosso sentimento é um turbilhão de gelo sob este sol escaldante, é um elo cortado cheio de respostas silenciosas ditas por teus lábios tépidos sobre a minha carne, é uma haste floral segurada pelas tuas mãos gélidas nos últimos segundos e isso não se resume em nada mais. Culpa talvez não possa ser tão explicada quanto os nossos desejos mais complexos, que embora tão complexos, se resumem somente à desejos.
Eu queria saber dizer para que as pessoas do seu mundo - para as quais escrevo agora - pudessem compreender que não é só o modo como viverão, mas o modo como poderão escolher viver. Somos partes um do outro, é impossível negar, você não quer que eu sofra, não deixe de gritar para parar.
Somos feitos de carne como vocês, e embora nosso amor tenha acabado, Deus (se é que ainda podemos acreditar em algo) enxerga o que vocês estão fazendo - e principalmente o que VOCÊ está fazendo - e a temperatura - não literal e literal - das pseudo frases de efeito que marcaram a minha e a sua - e as vossas vidas também - de modo incondicional, sabendo que no final tudo iria estar perdido.
Eu queria estar convencido - e esperançoso - que tudo iria mudar daqui pra frente entre nós - e vocês - mas eu sei o quão essas palavras se esvaírão dos tímpanos de vocês... se esvaírão como se nunca tivessem sido escritas, como se nunca tivessem sido enviadas... são registros ocultos que foram escritos por alguém... alguém que desistiu de viver, por amor, que desistiu de viver por todo o clima (mais uma vez, literal e não-literal) alguém que viu o mundo se auto-destruir e as pessoas (inclusive si mesmo) se auto-flagelarem por pura diversão, e se encerra aqui - duas horas antes de o fim do mundo pra alguém - uma carta, uma carta final.
sábado, 12 de setembro de 2009
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Estou sem palavras. Simplesmente incrível.
ResponderExcluirEu não quero morrer, Iago... Não quero que o mundo acabe... Não quero olhar o mar.
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