Perdi as contas de quantas vezes já saí de aulas pra conversar com a psicóloga da escola. Não é tão vergonhoso assim, acreditem. O acontecimento em si na verdade, são os problemas que me levaram até lá. Sempre os mesmos. Sempre. O que de fato mostra que nem sempre o mais fácil a se fazer (pensar assim no julgar do fato de haver uma mensalidade paga todos os meses) é o que tende a dar resultados satisfatórios. É talvez por isso que dizem que sou um desequilibrado, o que constantemente na minha infância me fazia passar horas e horas lembrando da emocionante saga de um circo. “O que seria um equilibrista sem equilíbrio?” teorias nunca me faltaram, e uma série de acontecimentos – que, obviamente e talvez felizmente não chegaram a acontecer – invadiam meu cérebro em uma considerável velocidade que lembrando hoje eu me surpreendo. Eu sempre fui meio diferente (logo mais tarde descobriria que isso não era de todo ruim), e sempre tive vontade de fazer o que as outras crianças faziam, mas em vez disso eu estava na terapia. Duas. Duas horas por semana, sempre com a imbatível tática de começar um jogo de damas e conversar ao mesmo tempo. Hoje eu vejo o quão espertos são os psicólogos, e eles passam longe de seremos monstros que todo mundo imaginam que eles sejam. Algo que sempre me incomodou, não só nos consultórios psicólogos como também nos de uma série de pediatras em que fui levado, são os relógios. Todos eles analógicos com desenhos irritantes no fundo (quase sempre um pseudo-sorriso carismático em que o despertador soa com um irritante Triiiiiiiim), ou aqueles relógios digitais ultra-modernos quase elásticos cujas horas são esticadas nauseantemente. Uma vez, uma das minhas psicólogas teve a excepcional ideia de me pedir pra descrever um desses relógios e não foi nada agradável, fui o mais violento que poderia ser o que rendeu em uma sessão super-esticada, assim como as horas.
Nunca entendi por quê todas elas são tão simpáticas. Talvez a dureza (que obviamente não existia) me ajudasse a entender mais a mim do que às coisas. Do que adiantava entender que dois mais dois eram quatro, quando não se entendia porque se tem um pênis, e a sociedade queria te obrigar a uni-lo com uma vagina? Lembro-me naquela época, que minha família inteira estava desesperada... “Nós temos um problemático na família” e eu podia (e posso) imaginar o que meus pais pensavam... “Nosso bebê é um monstro” dizer que isso nunca me incomodou, seria mentir, assim como dizer que nunca tentei mudar pra agradá-los.
Sempre me perguntei se psicólogos, psicanalistas e psiquiatras não tinham problemas. Estamos em uma época em que todos dizem que existe uma idade X para se ter revolta e uma idade Y para se arrepender de todas elas, o que em todo caso, querendo ou não é verdade. Só acho cruel o modo como eles não nos deixam descobrir isso sozinhos, tal como fora com eles. Até agora, não me arrependi de muitas revoltas, talvez uma parte considerável delas, acho que meu quase-pseudo-trauma está direta e ilegalmente ligado a uma série de traumas que já foi citado por alguém. Bom, perceba... Ninguém teme o que nunca se viu, não exatamente, mas se há algum fato concreto que prove o quão pavoroso aquilo pode ser, tudo muda, todos entram em desespero e matam pra sobreviver, esquecendo que também estão morrendo. É essa a falta de lógica que a vida tem, e que obviamente as minhas psicólogas sempre tentaram tirar da minha cabeça.
A verdade em si, é que a imagem homogênea a qual o mundo se tornou nos deixa com preguiça, é tão sem graça, sem vida, sem lógica e sem... sal... E é por isso que as pessoas se revoltam. Não adianta dizer o quanto se deve temer pelo que se sabe que pode acontecer, o mundo nunca vai acreditar enquanto que o fato não se desenrolar a ocorrer, porque todo mundo tem um traço transtornado que precisa de psicologia... Mas antes, façam um bom sexo, aí sim, se não resolver, vá para a psicologia.
domingo, 9 de agosto de 2009
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Psicólogos não são monstros... Mas é terrível descobrir-se sendo manipulado e conduzido por onde eles gostariam que você fosse.
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